Cambona o bairro

Localizado entre a Praça dos Martírios e o Bom Parto, o Cambona era a passagem obrigatória para quem desejasse se dirigir ao bairro de Bebedouro, que na década de 50 possuía o status “bairro de elite”, visto que lá residiam às mais tradicionais famílias alagoanas. A Praça dos Martírios, principal área de lazer dos cambonenses, foi à época um dos recantos mais freqüentados nos festejos momesco; além de servir para o corso, desfile de carros de passeio, lotados de moças e rapazes, interagindo com o povo, na guerra de serpentina, talco e lança perfume, além de receber os blocos carnavalescos mais famosos: Cavaleiro Negro, Mascara Preta e o inesquecível Bloco do Major Bonifácio da Silveira - As Caboclinhas, que fazia a rota Bebedouro - Praça dos Martírios.
Bebedouro, hoje é visto como um bairro dormitório por não existir um comércio sustentável, entretanto, ainda se mantém vivo, graças à existência: da Igreja do Bom Conselho, do Mercado Público Municipal, da Estação Ferroviária, do Colégio Bom Conselho e de duas Casas de Saúde: José Lopes e Ulisses Pernambucano.
Já a Praça Floriano Peixoto ou dos Martírios como é conhecida, era arborizada e muito bem freqüentada, pois vivia outra realidade. Frontal a Rua do Comércio, circundada por prédios históricos: Rádio Difusora de Alagoas, hoje transformada em Museu Fundação Pierre Chalita, preservando a estrutura arquitetônica original; pela Caixa Econômica Federal, construída no terreno onde funcionou a primeira Faculdade de Economia da Alagoas, finalmente o Edifício do Conde e o majestoso Palácio Floriano Peixoto. Próximo ao Cambona, precisamente na Rua do Sol, situava-se o Grupo Escolar Fernandes Lima, onde a grande maioria dos cambonenses aprendeu as primeiras letras; já em direção ao Mercado Público, tínhamos duas vertentes: na primeira passávamos pelo Colégio São José, cuja diretora e proprietária Dona Laura Dantas e sua irmã, famosas pela ética e disciplina no mister de ensinar e na outra passávamos pelo Diocesano, mais conhecido como Colégio Marista, hoje ocupado pela Secretaria de Agricultura.
Também participavam dos ensinamentos aos cambonenses, as professoras (es): Salviana Gomes dos Santos, que teve como aluno o Mestre Deodato; Guiomar de Gouveia Bezerra; os professores Sebastião Granjeiro, Cajueiro e Coitinho Leite, este famoso pela palmatória usada para quem errasse a tabuada e pelo castigo do milho. Não esquecendo o lado cultural, a grande mestra do piano Professora Georgina, que com maestria ensinou os primeiros acordes aos alunos: Marcelo Santos, nosso querido Botinha, sua irmã Mércia e ao Chico Elpídio. Outra fonte de prazer desfrutada por todos, era vivida no Clube do Trabalhador - SESI, onde eram disputados torneios de futebol, tendo como representante o Cambonense, primeiro e segundo quadros. Foi nesse habitat que os cambonenses foram criados, sentindo hoje muita saudade dos bons tempos vividos.
A convivência com os mais velhos, deixou para os mais novos, a marca do respeito e da decência, valores incontestáveis para um futuro promissor. O Cambona permanece vivo nos encontros realizados aos sábados e nas festas realizadas entre amigos, como por exemplo, o Pernil do Nah, sempre na última sexta feira do ano e principalmente no bate bola semanal, quando juntos renovamos a amizade e principalmente a vida.

Viva o Cambona e os Cambonenses.
Curiosidade - segundo Aurélio Buarque, Cambona, significa mudança rápida das velas dos barcos ou do rumo na direção das velas; reviravolta; cambalhota.

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